Pular para o conteúdo principal
LAO TSÉ E O TAO TE CHING Publicado originalmente 30 de julho, 2002, baseado na compilação de José Laércio do Egito.


Pouco se sabe com certeza sobre Lao Tsé. Há uma obra chinesa muito antiga chamada Shi Chi (Apontamentos Históricos) que diz que Lao Tsé, cujo nome real era Erh Dan Li, teria nascido no Sul da China, numa região chamada Ch'u, em torno do ano 604 a.C. Mas também há os que afirmam que o Tao Te Ching é apenas uma compilação de versos de vários pensadores de escolas de pensamento do 3º século a.C., que genericamente usavam o título de Lao Tsé.

Segundo as tradições, Lao Tsé foi contemporâneo de Kung Fu Tsé (Confúcio), de quem foi discípulo. Tornou-se o guardião dos arquivos do Tribunal Imperial, e atraiu muitos seguidores com sua sabedoria, embora sempre haja se recusado a fixar suas idéias por escrito, por temer que as palavras pudessem ser convertidas em dogma formal. Lao Tsé desejava que a sua filosofia permanecesse apenas como um modo natural de vida estabelecido sob uma base de bondade, serenidade e respeito.

Assim, ele não estabeleceu nenhum código rígido de comportamento, preferindo ensinar que a conduta de uma pessoa deve ser governada pelo instinto e pela consciência. Ensinava que nenhuma tarefa deveria ser apressada, que tudo deve acontecer no seu devido tempo. Acreditava que a simplicidade era a chave para a verdade e a liberdade, e assim encorajava seus seguidores para observarem mais a natureza do que aos ensinamentos de mestres.

Aos 80 anos, desiludido com as pessoas da sua terra - que estavam pouco dispostas a seguirem o caminho da bondade natural - se dirigiu para o Tibet, na fronteira ocidental de China, quando foi reconhecido por um guarda, que lhe lembrou que possivelmente todos os seus ensinamentos logo cairiam no esquecimento se alguma coisa não ficasse gravada, e só permitiu que ele deixasse a China após escrever seus ensinamentos básicos, para que pelo menos parte de seu conhecimento pudesse ser preservada para a posteridade. Atendendo ao pedido do guarda, de uma só vez Lao Tsé redigiu (reza a lenda que escreveu numa grande pedra) a coletânea dos 81 versos que se tornariam a síntese de sua sabedoria (e do pensamento Monista Chinês), que entrou para a história sob o nome de Tao Te Ching.

Há muitos sentidos para o significado do nome Tao Te Ching. Um deles o define como "As Leis da Virtude e seus caminhos". Suas palavras isoladas significam: Tao (Infinito, a Essência, a Consciência Invisível, o Insondável, o como, de como as coisas acontecem.); Te (que significa força, virtude, mas de uma forma não ligada aos nossos valores ocidentais); Ching (livro, escrito, manuscrito). Literalmente, portanto, significa "O livro de como as coisas funcionam", e na realidade é este o seu objetivo, mostrar como as coisas no universo funcionam segundo o Tao. Também significa "O Livro que Revela Deus" e "O livro que leva à Divindade". (mais sobre o termo)

Coerentemente com a sua maneira, Lao Tsé não o escreveu por princípios doutrinários, e sim aforismos (versos), de forma tal que pudessem ser adaptados por qualquer pessoa ante diversas situações. Algo aplicável a tudo e a todos; um texto de natureza aberta que não possibilitasse uma forma textual capaz de ser desvirtuado intencionalmente, ou simplesmente ser deformado pelas traduções; uma maneira de aplicação prática de se viver em harmonia, dentro do equilíbrio das polaridades da manifestação do Tao e simbolizada pelo Tei Gi (a figura abaixo, no centro):


O Taoísmo baseia-se (Aqui é preciso fazer uma humílde  correção/comentário: "não se baseia", mas trabalha com os mesmos princípios... ja que são de orígem independentes e autonomas. O hermetísmo e o Taoismo são independentes de influências em suas orígens) num dos Princípios Herméticos - o Principio da Polaridade - que diz ser a natureza bipolar, pois tudo nela tem um oposto. Na essência o universo conhecido é composto de componentes opostos; por vezes físicos (claro/escuro), morais (bom/ruim), biológicos (masculino/feminino) etc. Tudo no universo pode ser classificado em duas polaridades: Yang (pronuncia-se "yong") ou Yin.

 
Uma indagação comumente feita diz respeito à diferença que existe entre o Taoísmo e o Confucionismo. O Taoísmo tem base metafísica e com aplicação prática. Confúcio foi mais um legislador, cujos ensinamentos ser direcionam mais para o aspecto político da vida.

 
Aquele que conhece o outro é sábio. Aquele que conhece a si mesmo é iluminado. Aquele que vence o outro é forte. Aquele que vence a si mesmo é poderoso. Aquele que conhece a alegria é rico. Aquele que conserva o seu caminho tem vontade.


Seja humilde, e permanecerás íntegro.

Curva-te, e permanecerás ereto.

Esvazia-te, e permanecerás repleto.

Gasta-te, e permanecerás novo.



O sábio não se exibe, e por isso brilha.

Ele não se faz notar, e por isso é notado.

Ele não se elogia, e por isso tem mérito.

E, porque não está competindo,

ninguém no mundo pode competir com ele.

 
(Lao Tsé - Tao Te Ching - verso 22)







Taoism depot;



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONVERSAS ANÔNIMAS! VOCÊ, SEU NARCISISTA!!!

Gostaria de falar sobre esta postagem: Nada mais comum que uma postagem cheia de senso comum e conhecimento vulgar com uma compreensão enviesada do mundo. Tudo bem até aí? Só que não. Uma postagem assim além de reforçar o senso comum, lhe da uma validade. O que é ERRADO! A afirmação de que todo psicopata é narcisista é "FALSA"! E induz ao erro e preconceitos. Primeiro que não explica de que narcisismo se esta falando , segundo porque também não explica que o termo “psicopata” não é um diagnóstico válido descrito! Nem   está incluído no CID-10 e nem mesmo no DSM-5 ou em qualquer outro manual! Existe um natural "Narcisismo saudável", uma fase do comportamento que visa atender as próprias necessidades de forma equilibrada e respeitosa, sem prejudicar ou explorar os outros. Uma pessoa com narcisismo saudável tem uma autoimagem positiva, uma autoestima elevada, uma autoconfiança adequada e um nível aceitável de auto importância. O narcisismo saudável pode ser visto com

ATENÇÃO!

Você já teve a sensação de que está cada vez mais difícil manter o foco? Vivemos mergulhados numa chuva de estímulos – e isso tem efeitos mensuráveis sobre o cérebro. Veja quais são, e entenda a real sobre a moda que tomou as redes sociais: o jejum de dopamina. Por Bruno Garattoni e Maurício Brum (colaboraram Fernanda Simoneto e Valentina Bressan) Em 9 de janeiro de 2007, às 10h da manhã, um Steve Jobs saudável subiu ao palco do Moscone Center, espaço de eventos que a Apple alugava em São Francisco. “Vamos fazer história hoje”, disse. O iPhone não nasceu bem (dois meses após o lançamento, a Apple teve de cortar seu preço em 30%), mas acabou decolando. Vieram os aplicativos, redes sociais, o Android, a massificação. Hoje, 6,4 bilhões de pessoas têm um smartphone – superando com folga o saneamento básico, que chega a 4,4 bilhões. É bizarro, mas até tem seu nexo: o instinto humano de encontrar algo interessante, e prestar atenção àquilo, é tão primal quanto as necessidades fisiológicas.