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Meditação e saúde: publicada na Você S/A

A meditação é uma prática de origem milenar que vem sendo estudada e reconhecida pela ciência como uma técnica efetiva para tratar diversas condições de saúde física, mental e emocional.


Quando falamos sobre meditação, surgem várias idéias preconcebidas além de várias perguntas:

Como se pratica?


 Qual o seu efeito?


 Preciso me isolar de tudo e todos para meditar?



 É importante esclarecê-las bem para que todos possam se beneficiar desta maravilhosa prática.



Primeiro vamos verificar o que a ciência tem descoberto a respeito da meditação. Recentemente o centro nacional para medicina alternativa e complementar dos Estados Unidos, órgão ligado aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) publicou centenas de estudos a respeito de diversas correntes de meditação. Segundo Dean Ornish, professor de medicina na Universidade da Califórnia, a meditação, ao contrário do que se possa imaginar, não é cair na ociosidade, mas ativar a mente. E o resultado é positivo para a saúde e o equilíbrio físico e emocional.



Em termos práticos, meditar é concentrar a atenção em uma única coisa, chamada âncora, que pode ser o ritmo da respiração, um mantra, que é uma palavra ou som, ou uma imagem, dentre outros. Meditar é simples, mas não é fácil, pois nossa mente agitada está sempre voltada para o passado ou no futuro, o que pode gerar depressão e ansiedade. Meditar é estar no presente, aqui e agora, plenamente, inclusive enquanto se anda, come ou faz qualquer outra atividade.



Os benefícios da meditação se iniciam pelo repouso corporal, muito superior ao do sono. Uma pessoa dormindo consome mais oxigênio do que quando medita. Os batimentos cardíacos se reduzem durante a meditação e aumentam no cérebro as ondas alfa e teta, que são associadas ao relaxamento profundo.



Pesquisas recentes realizadas na universidade da Califórnia mostram que a meditação contribui até para evitar o acúmulo de gordura nas artérias, dado que se soma às recentes descobertas sobre a função preventiva da meditação nas doenças coronarianas. Outro estudo realizado por cientistas de Harvard mostrou imagens do funcionamento cerebral de meditadores regulares, obtida através de aparelhos de ressonância magnética funcional. Seguindo a coordenadora do estudo, Sara Lazar, o mesmo evidenciou alterações favoráveis em regiões cerebrais ligadas às emoções e na função cardiorespiratória.



Outros estudos realizados nas universidades americanas de Stanford e Columbia evidenciaram que a meditação ajuda a baixar a pressão arterial e reduz a produção dos hormônios do estresse, cortisol e adrenalina, além de estimular a produção de endorfinas, neurotransmissores do bem estar, que são tranqüilizantes e analgésicos naturais. Graças a estas e outras descobertas, os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos patrocinam novas pesquisas sobre o efeito da meditação em diversas doenças.

Conhecendo o maravilhoso efeito da meditação, vem a seguinte e fundamental pergunta: qual a definição de meditação? Segundo Roberto Cardoso, autor do livro “Medicina e meditação”, para se caracterizar como meditação, uma prática deve conter os seguintes elementos: uma técnica específica, relaxamento muscular durante o processo, o que indica o relaxamento físico e psíquico, o relaxamento da lógica, ou seja, o não envolvimento em seqüências de pensamentos; ela deve ser auto induzida, e conter um artifício de auto-focalização, chamado de âncora. Isto irá diferenciar a meditação de outras técnicas, também efetivas, mas diversas da meditação, como técnicas respiratórias, de concentração, relaxamento, autohipnose, visualização, oração ou outras.


Estudos de mapeamento cerebral, de traçados de eletroencefalograma e perfil neuroendócrino mostram que estes requisitos são necessários para que se atinja o “estado meditativo”, que é um estado de consciência que difere do sono, hipnose ou uso de drogas.


Falando sobre sua história, estima-se que o ritual da meditação começou entre cinco mil e dois mil e quinhentos anos atrás, na Índia, difundindo-se posteriormente pela Ásia.


Há algumas décadas vem se expandindo pelo ocidente e calcula-se que hoje em dia nos Estados Unidos dez milhões de pessoas medite regularmente, inclusive em hospitais e instituições de saúde. Entre mais de onze mil pacientes atendidos no centro de redução do estresse da Universidade de Massachussets, sintomas como dores, pressão alta e problemas digestivos teriam diminuído em media quarenta por cento após dois meses nas pessoas que meditavam duas vezes ao dia. O indiano Harbans Lal Arora, doutor em física pela Universidade de Waterloo no Canadá, realizou trabalhos no Hospital Geral e no Hospital Cesar Cals em Fortaleza mostrando que pacientes que praticaram meditação antes de submeterem-se à cirurgias perderam quarenta por cento menos sangue durante a operação e voltaram para casa na metade do tempo previsto.


Porém a meditação não funciona quando se fala dela, mas sim quando praticada regularmente, como um treinamento para o autoconhecimento. O segredo está em prestar atenção em cada momento do presente. Novamente, é simples, mas não é fácil. Exige uma mudança de postura perante a vida, sutil, porém fundamental. Fomos ensinados que para resolver problemas é preciso pensar e se preocupar muito com eles. Então passamos a maior parte do tempo com a atenção dispersa em acontecimentos do passado, gerando angústia, ou imaginando situações futuras, geralmente de maneira negativa, o que gera ansiedade e pânico.


Meditar é concentrar-se plenamente no presente, tornar conscientes os nossos gestos até então automáticos. Por exemplo, ao tomar banho, observe o que faz, ao invés de pensar no que irá fazer a seguir, enquanto se lava mecanicamente. Perceba o cheiro do shampoo e do sabonete, a temperatura e o som da água, como isto toca o seu corpo e sua mente. Ao comer, observe os alimentos, sua aparência, suas cores, sinta seu cheiro, sabor, textura. Saboreie o alimento ao invés de engoli-lo enquanto assiste ao mesmo tempo o noticiário geralmente cheio de notícias trágicas, as quais também serão “ingeridas” junto com a comida, com efeitos logicamente adversos. Se o transito estiver difícil, ao invés de aborrecer-se, aproveite para ouvir uma música, prestar atenção nas pessoas e principalmente em si próprio, acalmando-se e aumentando seu bem estar.
Eis algumas dicas para melhorar sua meditação:

Respire fundo a fim de oxigenar seu cérebro, aclamar a agitação e estabilizar a mente.

Endireite sua postura, queixo paralelo ao chão, e coluna ereta, numa posição confortável.

Olhos fechados ou semicerrados, mantenha-se relaxado e concentre-se no ritmo da respiração.

Quando menos esperar, perceber-se-á pensando em outras coisas, no que tem para fazer, ou o que aconteceu ainda há pouco.

É nossa mente, irriquieta e destreinada, distraindo-nos da prática meditativa.

Não há problema, volte novamente para a observação da respiração, entrando e saindo, ritmicamente, até que novamente, você se percebe distraído com outra coisa.

Reconheça, diga para você mesmo: “pensando”, sem julgar o pensamento, sem apegar-se a ele se for algo bom, ou rejeitá-lo se for desagradável.

Assuma a posição do “observador”, e os pensamentos não se fixarão e irão embora.

E quanto mais você praticar o desapego, e assumir a posição de observador, melhorará sua prática diária, aprimorando sua meditação a ampliando seus resultados.

Após algum tempo estes pensamentos diminuirão, na freqüência e intensidade, sinal que a prática está se fortalecendo e gerando seus frutos.

Com o tempo, você conseguirá manter-se silencioso, em contato com o campo de informação, inteligência e potencialidade pura, o que trará bem estar, rejuvenescimento e autoconhecimento.


Você aprenderá que pode meditar de olhos abertos, ouvindo música, caminhando e durante todas atividades cotidianas, já que a meditação não é uma ação, e sim um “estado de espírito”, o “estado meditativo”, qualidade de estar consciente e alerta. Tudo o que fizer com consciência, será meditação. A questão não é a ação, mas a qualidade que você traz para a ação.

Então, pronto?



Comece hoje sua prática meditativa, viva plenamente, no aqui e agora, e seja mais feliz.


Autor:
Dr. Roberto Debski
CRM SP58806
CRP 06/84803

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