Pular para o conteúdo principal

A âncora não existe, mas sustenta a bailarina...

Porque as pessoas "criaram" Deus? Porquê, a medida que crescemos (como espécie e como indivíduo), intuitivamente, percebemos que a vida é indiferente a nossas necessidades e afetos. O mundo não liga se você ama sua avó. Ela adoecerá, e morrerá. O mundo é indiferente as suas vontades. Você precisando muito e desejando muito um passar por uma prova, se você não tiver as condições de se apropriar do conhecimento e a capacidade de expressa-la corretamente não vai passar. Se for uma competição a coisa piora pois você pode não ser tão bom quanto o corrente que pode até gostar menos ou ter menos ambição que você, mas tem mais talento e treino ou experiência (ou seja, causas e condições). 


Resumindo: queremos ter algum controle ou relação de influência/permuta com a realidade a nossa volta. Ou pelo menos uma sensação confortável de achar que temos.



Junto a isto existia o princípio "animista". De uma forma bem simplificada, a antropologia aponta que a humanidade facilmente transferiu suas impressões sobre sua próprias reações a todas as outras criaturas e até aos elementos da natureza. Se eu tenho fome... o vento que traz a chuva e molha as colheitas também tem fome... e assim nasceu o conceito de sacrifício.


Mas nada disto justifica a manutenção da ideia de Deus diante de do fato de que a natureza continua não ligando para sacrifícios ou preces... Porquê nossa intuição ou a nossa simples observação da vida não é capaz de superar o auto engano animista de crer em algo que não existe?


Resposta: Pelo mesmo motivo que as bailarinas experientes não caem quando giram.


Para manter o equilíbrio as bailarinas aprendem a girar olhando um ponto de referência real, em geral a palma da mão. Giram vários dias olhando a mão até que um dia absorvem o ponto de referência introjetado e podem retirar a mão, pois suas mentes se apoiam nesta "âncora" imaginária. A âncora imaginada da equilíbrio e apruma o corpo mantendo sobre o eixo ao girar. Mas não existe de fato.


É a própria mente que regula a mente... mas para isto finge que exite algo lá fora, lhe regulando.


O mesmo se dá com Deus. Ele foi uma ferramenta de controle do equilíbrio emocional social pré histórico. O resquício do animismo primitivo que era necessário para lidar com a indiferença que existe desdo mundo primitivo anterior a civilização. Poderíamos "girar" sem fixar a vista na mão que pusemos na frente do nosso rosto quando giramos mundo a fora...


Mas a maioria ainda acredita na âncora que criou para sí mesmo.



Mostrar 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONVERSAS ANÔNIMAS! VOCÊ, SEU NARCISISTA!!!

Gostaria de falar sobre esta postagem: Nada mais comum que uma postagem cheia de senso comum e conhecimento vulgar com uma compreensão enviesada do mundo. Tudo bem até aí? Só que não. Uma postagem assim além de reforçar o senso comum, lhe da uma validade. O que é ERRADO! A afirmação de que todo psicopata é narcisista é "FALSA"! E induz ao erro e preconceitos. Primeiro que não explica de que narcisismo se esta falando , segundo porque também não explica que o termo “psicopata” não é um diagnóstico válido descrito! Nem   está incluído no CID-10 e nem mesmo no DSM-5 ou em qualquer outro manual! Existe um natural "Narcisismo saudável", uma fase do comportamento que visa atender as próprias necessidades de forma equilibrada e respeitosa, sem prejudicar ou explorar os outros. Uma pessoa com narcisismo saudável tem uma autoimagem positiva, uma autoestima elevada, uma autoconfiança adequada e um nível aceitável de auto importância. O narcisismo saudável pode ser visto com

TERAPEUTAS... são imperfeitos.

  “Médicos são tão f*didos quanto nós”: como Shrinking quer descomplicar a terapia Nova série da Apple TV+ acompanha psicólogo que decide abandonar as “boas práticas” e se mostrar mais humano para seus pacientes 5 min de leitura MARIANA CANHISARES 26.01.2023, ÀS 06H00 ATUALIZADA EM 31.08.2023, ÀS 12H12 No conforto — ou seria desconforto? — da terapia, é rápido presumir que o psicólogo do outro lado da sala tem sua vida em ordem. Esta é, afinal de contas, uma relação unilateral: um revira os dramas e dilemas do passado, do presente e do futuro, enquanto o outro ouve, pergunta e toma notas. Não há propriamente uma troca — ao menos não no sentido isométrico da expressão. Porém, essa visão, corroborada por vezes pela cultura pop, não corresponde à realidade, como analisou, entre risos, o produtor, roteirista e diretor  Bill Lawrence  ( Ted Lasso ), em entrevista ao  Omelete .  “Nos Estados Unidos, quando se faz uma série sobre médicos ou terapeutas, geralmente eles não são pessoas falhas o

Barabim... barabum... baraBeakman!!!

Quase todo nerd na faixa dos vinte ou trinta anos assistiu a alguma das experiências científicas do programa ''O Mundo de Beakman'' . Com um inconfundível jaleco verde e ideias malucas na cabeça, ele conquistou fãs por todo o mundo. Paul Zaloom, ator que interpretava o cientista maluco, esteve no Brasil e falou sobre ciência e do sucesso dele no nosso país. Ele atendeu ao blogueiro d o "O Manual do Mundo" (que recentemente atingiu a casa dos 60 milhões de views) que comemorou a marca presenteando o seu público com a entrevista com   Paul  ~ professor maluco de penteado irado  Beakman ~   Zaloom , em pessoa. Para quem não conhece "O Mundo de Beakman" foi uma série exibida no Brasil na década de 1990, na TV Cultura, e reprisada algumas vezes nesse e em outros canais. O programa, extremamente dinâmico e divertido, foi marcante para quem nasceu na década de 1980 e para os que assistiram depois. Paul Zaloom veio para São